Apoio à decisão empresarial
No enquadramento das empresas globais, os gestores com responsabilidades na tomada de decisões são confrontados com ambientes competitivos, em constante alteração e sobrecarregados de informação. A combinação da velocidade e acesso à Internet, e desenvolvimento de tecnologias tem encaminhado à sofisticação de meios de suporte à decisão perante o risco e condições incertas. Estes meios de suporte possuem o potencial de melhorar a decisão e sugestões de soluções, capacitando os gestores de melhores condições.
Evolução dos DSS
Na descrição histórica dos Sistemas de Suporte à Decisão (DSS) realizada por D. J. Power foi evidenciada a repartição entre dois desenvolvimentos: Teórico – Meados dos anos 70, com conferências e discussões no meio universitário e, Aplicacional – a partir de 1980 com a afirmação de muitas actividades associadas à construção e estudo dos DSS, quer no meio universitário como nas organizações, com resultados no aumento do âmbito das aplicações DSS. E a caracterização em cinco tipos de DSS que tendencialmente são/serão:
· Data-driven – Utilizam o acesso rápido e em tempo real a base de dados integradas e de elevada dimensão;
· Model-driven – Mais complexas, mas compreensíveis, utilizando sistemas construídos para utilizar simulações e permitir uma visualização realística da informação;
· Document driven – Acesso a maiores repositórios de dados não estruturados e os sistemas apresentam os documentos em formatos em que possam ser utilizados;
· Communications-driven – Utiliza a infra-estrutura e comunicações tecnológicas para facilitar a decisão colaborativa e comunicação. As ferramentas mais utilizadas são o vídeo e áudio conferência, mas também as ferramentas de groupware;
· Knowledge-driven – Sugerem e recomendam acções aos gestores, e são normalmente sistemas espacializados em determinada resolução de uma especialidade.
De facto, um sistema de suporte à decisão seja este desenvolvido em model-based, knowledge-based ou outros, tem como intenção o suporte à decisão dos gestores em problemas semiestruturados e não-estruturados (Turban & Aronson, 2001). Um DSS não tem pretensão substituir o gestor, mas sim, ser uma extensão das capacidades para melhor decidir. Junta informação, providencia um claro interface para o utilizador e pode incorporar a própria visão do gestor. Para além de um sistema de informação, os DSS são também designados de intelligent pois adicionam ao modelo base, simulação, optimização da performance, análises e cálculos algoritmos, fornecendo sobretudo o auxílio ao utilizador na realização da decisão. Cujo principal propósito de um DSS é o suporte ao processo de tomada de decisões por parte dos gestores, incrementando a qualidade das suas decisões e reduzindo o tempo útil para decidir. E simultaneamente identificar melhores metodologias e processos para a tomada de decisões.
Em suma, e segundo G. M. Marakas (1999), um DSS atribui aos utilizadores um acesso a uma variedade de fontes de informação, a técnicas de modelização e facilita o conhecimento através de um interface gráfico (GUI – graphical user interface).
Folha de cálculo como DSS
De entre todas, as folhas de cálculo são as ferramentas de modelização mais utilizadas, pois incorporam as funções financeiras, estatísticas, matemáticas e muitas outras funções. Estas folhas de cálculo têm evoluído e afirmado como uma importante ferramenta de análise, planeamento e modelização. A escolha sobre uma folha de cálculo com DSS possui inúmeras vantagens: é acessível, é conhecida pela maioria dos gestores, é de fácil aprendizagem, permite variadíssimas análises – optimização, simulação e análise what-if. É incontornável que o desenvolvimento dos programas de folhas de cálculo tem tido uma enorme influência no desenvolvimento dos DSS, especialmente nos model-driven DSS.
De referir a importância que Dan Bricklin e Bob Frankston tiveram no desenvolvimento do conceito de folha de cálculo, quando em 1979 iniciaram a distribuição para o computador-pessoal Apple II do seu programa de folha de cálculo VisiCalc. As seis milhões de licenças vendidas foram prova da enorme utilidade que proporcionavam aos seus utilizadores. Pela definição (wikipedia): “a folha de cálculo é um programa de computador que utiliza tabelas para a realização de cálculos ou apresentação de dados, sendo que, cada tabela é formada por grelhas compostas de linhas e colunas. A célula é o elemento de cruzamento entre uma linha e coluna, na qual podem ser efectuados cálculos por meio de fórmulas”.
Microsoft Excel como DSS
Actualmente, o Microsoft Excel é a aplicação com maior divulgação ao nível das folhas de cálculo, tendo tido o seu início em 1985, encontra-se na versão 14 (Excel 2010). Como principais características aplicacionais enumera-se a funcionalidade de armazenamento e organização de informação, realização de inúmeros cálculos e possibilidade de adição de Add-Ins para análise e resolução de problemas avançados.
No desenvolvimento do Excel como ferramenta DSS consideram-se as funcionalidades de análise estatística, programação matemática, simulação e queries em grandes dados e informação. A utilização da linguagem VBA (visual basic for applications) permite uma maior manipulação das funcionalidades do Excel e desenvolvimento de interfaces, nos quais os utilizadores finais interagem com as suas próprias variáveis, mantendo os cálculos em segundo plano.
Na construção de um DSS baseado no Excel consideram-se:
· Inclusão de instrumento de desenvolvimento dos principais componentes de um DSS: data management, model management, GUI e knowledge management;
· Versatilidade de importação e ligação a diferentes fontes externas de informação e formatos. Para além de drivers para acesso a aplicações Microsoft, e também a outras bases de dados OLAP e drivers ODBC;
· Utilização da Microsoft Query para conectar a fontes externas de dados e efectuar queries de filtragem e actualização de dados;
· Aumento considerável do nº de linhas e colunas que cada folha possui, incrementando o volume de dados e variável a serem consideradas no modelo;
· Desenvolvimento do interface DSS através de VBA;
· Inclusão de uma variedade elevada de gráficos e visualização representativas da informação;
· Criação de PivotTables para report de uma ou duas dimensões;
· Utilização do SQL Server Analysis Services para elaboração de relatórios;
· Capacidade de desenvolver análises what-if e construção de cenários;
Ainda no âmbito dos AddIns, a existência de inúmeros fabricantes de software que desenvolvem aplicativos de integração com o Excel, a título exemplificativo, a Palisade possui um conjunto integrado de programas para análise de risco e tomada de decisão em casos em que existe incerteza. O programa é executado no Microsoft Excel. De modo integrado, efectua análise de risco por meio de simulação, executa análises de decisão e executa análises de sensibilidade automatizadas de variações hipotéticas (what-if). Além desses componentes, desenvolve soluções que são usados para previsão, optimização e análise de dados. Todos os programas foram projectados e desenvolvidos para funcionar facilmente de modo integrado.
No fundamental, a elevação das capacidades e funcionalidades das folhas de cálculo têm potencializado a ferramenta para utilização como Decision Support System, onde mais facilmente poderão ser desenvolvidos modelos de teste e análise de informação capazes de produzir e auxiliar na tomada de decisões.
Referências
Marakas, G. M. (2003), Decision Support Systems in the 21st Century, Prentice Hall.